segunda-feira, 18 de abril de 2011

Análise Crítica

http://odia.terra.com.br/portal/

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---> A cabeça do site é enorme e sem nenhuma informação relevante. Um espaço nobre desvalorizado.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O GRANDE TEATRO TUPI

Grande Teatro Tupi é lembrado por ícones da arte de representar

O Grande Teatro Tupi do Rio de Janeiro, teleteatro, precursor das telenovelas nacionais chegou a encenar na televisão um repertório de 400 peças e proporcionou ao telespectador o prazer de ver o trabalho de atores do teatro brasileiro e vivenciar com eles, os mais íntimos dramas. A marca do sucesso estava na intenção de simplesmente ter o prazer de contar bem uma bela história, um grande texto.


A inquietação e a efervescência que dominavam o mundo das artes cênicas há 50 ou 60 anos era um desafio constante que produziu toda uma série de tesouros teatrais: a surpreendente riqueza do repertório do Teatro Brasileiro de Comédias, que importou diretores que formaram gerações de atores - das quais saíram companhias como as de Sérgio Cardoso, Cacilda Becker, Tônia Carrero, e o Teatro dos Sete - porque se tornou impossível comportar tantos talentos e astros em um único núcleo; o comprometimento do Teatro de Arena a investigar a realidade brasileira, os Artistas Unidos de Morineau, a contribuição decisiva de Maria Clara Machado; e tantas outras atividades que começaram com o advento de Nelson Rodrigues e Silveira Sampaio (os descobridores da Zona Norte e da Zona Sul). Tudo isso, por incrível que pareça existiu. E existiu montando uma vasta de grandes textos e grandes espetáculos, clássicos, populares ou desbravadores.

         Como se isso não bastasse, apareceu, na época, um novo veículo misterioso, (sim, porque muitas vezes teimava em permanecer mais ou menos embaçado na heróica telinha de 14 polegadas), onde, apesar da precariedade técnica e seguindo o modelo do rádio, surgiu o Grande Teatro Tupi. Considerado um paradigma do teleteatro brasileiro, manteve por nove anos (1956-1965) um elenco fixo de estrelas que encenaram um repertório de clássicos da literatura universal na recém-inaugurada televisão.

É preciso, no entanto, voltar na história, a fim de convencer algumas gerações de que houve um tempo em que tudo na televisão era ao vivo, não havia tape, as limitações técnicas eram de toda ordem, só havia ator, talento e certa dose de loucura: Sérgio Britto, Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Nathália Timberg, Berta Zemel, Fernando Torres, Francisco Cuoco e mais dezenas de outros destruíram laboriosamente o mito de que seja fácil a vida de artista.



Ao mesmo tempo em que interpretavam no palco aquilo que se costumava chamar de peça de teatro, isto é um texto cuja interpretação, adequadamente realizada, demora de duas a três horas, depois do espetáculo tinham que decorar um texto por semana (geralmente coisa do tipo Sófocles, Strindberg, Ibsen, Tchekov, Pirandello), em um pouco ortodoxo período de ensaio (frequentemente de meia-noite às quatro, numa salinha alugada na Rua Siqueira Campos, em Copacabana), para apresentá-lo pronto e lindo, na segunda-feira seguinte, no Grande Teatro Tupi. "Está no ar!" Esta frase, quase mágica, tornava impossível interromper a telepeça. Será que alguém tem ideia do que é a tarefa de realizar essa rotina durante nove anos?

         A trajetória desse grupo de atores prosseguiu no teatro e atingiu um êxito inegável - a criação do Teatro dos Sete, viabilizada a partir de uma propaganda realizada por Sérgio Britto antes de uma telepeça e que contou com o apoio e reconhecimento dos assíduos telespectadores.

         De tudo isso só restam fotos no armário, talvez para assegurar, como disse o pintor americano George Bingham, em seus objetivos, que nossas características sociais e políticas exibidas diária e anualmente não serão perdidas no lapso do tempo por falta de um registro que lhes faça justiça. Resta também a memória do que foi feito há meio século, período ao longo do qual deveríamos ter progredido e evoluído no campo da cultura.


Peça "Vivendo em pecado", de Terence Rattingan
          Fernanda Montenegro e Sérgio Britto
          TV Tupi / RJ, 1959


Peça "Cenas da vida boêmia", de Henri Murger
          Fernanda MOntenegro e Sérgio Britto
          TV Tupi / RJ, 1957
          Acervo - DOC-FUNARTE


Peça "De repente, no último verão", de Tennessee Williams
          Nathália Timberg e Aldo de Maio
          TV Rio / RJ, 1964

O que houve? Os anos da censura? Isso é evidente, mas não basta. A censura já acabou há tempos, e o teatro já não apresenta espetáculos de tamanha grandeza como se fazia então, nem com toda tecnologia. A televisão não apresenta um bom teatro por semana (nem por mês, nem por ano). A televisão como veículo de alcance estético e artístico, isto é, que já produziu e ainda pode produzir um repertório de qualidade bem distante da programação epidérmica, superficial e descartável, que objetiva apenas uma grande audiência para vender seus produtos, pode sem dúvida retomar o repertório de obras criativas que foram apresentadas no início de sua instalação, mas não podemos negar que há tentativas e algumas bem sucedidas.

         O Grande Teatro Tupi do Rio de Janeiro - chegou a encenar na televisão um repertório de 400 peças. A marca do sucesso estava na intenção de simplesmente ter o prazer de contar bem uma bela história, um grande texto. Esse tempo tão cheio de recordações sugere que estamos diante de um tema que marca profundamente a construção da nossa biografia cultural, já que possibilita trafegar continuamente no passado o presente, trazendo uma expectativa quando a um futuro dele decorrente, mantendo uma coerência e cristalização desse passado.
         Ter o Grande Teatro Tupi do Rio de Janeiro como primeira matéria do blog, se explica: foi o mais duradouro, aplaudido e reconhecido teleteatro do Rio de Janeiro e modelo para os demais teleteatros que surgiram. Abriu um novo caminho, reconduzindo o fazer artístico a um desabrochar de inventividade e expressão, revelando muitas surpresas poéticas no Brasil dos anos dourados.